Uma pesquisa divulgada ontem pela Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados (Seade), mostrou que existe um movimento de expansão de sedes de grandes empresas, das metrópoles para regiões interioranas e mais periféricas das cidades.
Esse deslocamento ainda não é mensurado em estudos e a pesquisa da Fundação, intitulada "Sedes dos grandes grupos econômicos: relevância para as metrópoles brasileiras", revela que as regiões metropolitanas ainda concentram o maior número de sedes de organizações. O município de São Paulo, por exemplo, é o grande polo concentrador delas, com 44% do total nacional de corporações registradas na amostra e 41% do valor da receita bruta declarado por essas empresas.
No entanto, independentemente do lugar aonde se alocam, a pesquisa mostrou que a presença de núcleos de grandes empresas impulsiona o desenvolvimento de pequenos e médios empreendimentos pelas regiões. De acordo com o estudo, destacam-se, nesse movimento, os serviços de apoio à gestão e produção. Como, por exemplo, as empresas voltadas para serviços financeiros, que precisam interagir cotidianamente com a área financeira das organizações, como também os grandes escritórios de advocacia, que as representam.
Uma outra frente que se abre, conforme o estudo, são as empresas da área de comunicação, como as agências de publicidade, as de pesquisa de mercado e produtoras de vídeo, que prestam serviços regulares para os departamentos de marketing e comunicação. Além disso, fomenta as empresas de tecnologia da informação, já que, cada vez mais, as empresas de grande porte estão dependentes desses serviços, devido tanto à difusão das tecnologias de comunicação e informação, quanto à maior dispersão espacial das grandes organizações.
O estudo da Seade também menciona o crescente papel das empresas de consultoria, que cobrem diferentes áreas da gestão empresarial, como estratégia, contabilidade, logística, etc.
Todas essas atividades de apoio à gestão e à produção, de acordo com a pesquisa, geram empregos de alta qualidade e, consequentemente, atraem mão de obra mais qualificada. Além disso, permite o desenvolvimento das atividades de comando e de controle por um custo mais baixo e com mais eficiência.
O professor de economia e políticas públicas das Faculdades Integradas Rio Branco, Carlos Stempniewski, lembra que as grandes corporações impulsionam com elas a terceirização de serviços, como, por exemplo, o setor de limpeza e manutenção de equipamentos. "Os médios empreendimentos acompanham as grandes organizações", comenta o professor Stempniewski.
"As grandes e médias empresas precisam estar próximas e em constante diálogo", comenta o diretor adjunto de Análise e Disseminação de Informações da Fundação Seade, Haroldo da Gama Torres. "E, por conta disso, quando uma grande corporação muda de região, isso tem efeitos dramáticos um impacto grande para os médios e pequenos empresários do local", comenta Haroldo Torres.
Mudança
Em relação ao deslocamento das sedes das grandes corporações, o diretor da Seade diz que ainda são os principais centros urbanos que alocam os núcleos das corporações. No entanto, ressalta que há alguns anos começaram a surgir novos polos. O polo de Alphaville, bairro dos municípios de Barueri e Santana do Parnaíba é um desses exemplos.
O professor Stempniewski comenta que um dos motivos que atraíram empresas para a região foi uma política de isenção de impostos implementada pelas prefeituras locais, na época.
"Atualmente Alphaville já é uma região saturada. E existe um movimento de expansão por meio da Rodovia Castelo Branco. No quilômetro 60 da rodovia, na Vila Santa Catarina já está sendo construído outro polo", diz.
"Esse crescimento faz parte da grande teia econômica do processo de expansão das empresas, que vão necessitando de espaços maiores para acomodar suas operações físicas, industriais e as suas sedes administrativas", complementa Stempniewski.
De acordo com o estudo da Fundação, alguns dos fatores tradicionais que atraem, cada vez mais, as sedes de corporações para outras regiões são as condições de produção e a existência de um ambiente de negócios organizados. Além disso, há razões não tradicionais, como a qualidade das condições de vida e uma boa mobilidade urbana.