Sua empresa funciona sem você? Quem te substitui quando você não está? Com que frequência você prepara alguém? Nas férias? Aliás, você sai de férias? Quando se desligou da última vez?
Tenho quase 40 anos, empreendo há quase 8, e ao longo da minha vida nunca tive nada grave de saúde (graças a Deus!), minhas ausências do trabalho sempre foram programadas, até as duas internações que eu tive foram assim. Tenho dois filhos e os dois nasceram de cesáreas. Mesmo que não tivesse sido dessa forma, já eram previstos os dias em que iriam nascer. Com 7 meses de gravidez, já havia um planejamento prévio de ausência, que poderia ocorrer a qualquer momento (brinco que após essa data quem manda é o bebê).
Nestes dois últimos anos tive que lidar com duas paralizações não programadas. Quando se é empregado, por mais profissional que você seja, a empresa se prepara para cobrir sua ausência, mesmo que forçada, mas, quando se é empresária e você toma decisões, lidar com isso é muito mais difícil.
Minha primeira paralização ocorreu por conta do tratamento de meningite do meu filho, no ano passado, às vésperas das férias coletivas do escritório. O Jonathan, de 7 anos, passou 10 dias no hospital para o tratamento. Na época, achei que seria difícil lidar com isso, pensei até em cancelar as férias, mas no final das contas deu tudo certo. Passamos nosso Natal no hospital e ainda conseguimos atender o desejo dele de comer um “frango de desenho animado” (uma coxa de peru).
A segunda paralização ocorreu há poucos dias, desta vez comigo, fui internada às pressas para tratar de uma infecção nos rins (Pielonefrite). Comecei sentido um desconforto no domingo, na segunda-feira trabalhei normalmente, senti um pouco do desconforto e durante o dia começaram a aparecer manchinhas vermelhas na pele e no final do dia passei a ter calafrios. Imaginei que estivesse com Rubéola (meu filho havia tido há pouco tempo), minha preocupação era tentar diagnosticar rapidamente e evitar o contágio na equipe.
Fiquei 7 dias no hospital, desses, 3 dias sem forças para nada por conta da forte medicação, que inclusive afetava minha visão durante os demais dias (não conseguia, por exemplo, ler a mensagem do celular). Fui “ameaçada” até de ser transferida para UTI (Unidade de Terapia Intensiva) se meu corpo não respondesse ao tratamento.
Algumas pessoas me questionaram o fato de trabalhar demais e não me cuidar, não tomar água, essas coisas. Mas eu me cuido, não tive dores, bebo água com frequência. Meu pecado é tomar refrigerante desde a barriga da minha mãe (ela me conta que o desejo dela era uma garrafinha de guaraná todos os dias).
Imaginem: duas crianças, marido, empresa em período de fechamento, pouco tempo de demissão de uma funcionária (minha programação era de que eu assumisse até contratar uma nova pessoa), obrigações acessórias mensais e anuais… enfim: DESESPERO!
Embora não tivesse tudo programado, contar com uma rede de apoio ajudou muito a lidar com toda essa situação e essa rede não se monta do dia para a noite, ela é construída no dia a dia. Tivemos ajuda de muita gente, muitos até reclamando que queriam fazer mais e não tinham espaço. Construir essa rede de apoio não tem receita pronta, tem adequações e nem tudo que funciona para mim pode funcionar para você. Mas o que eu aprendi foi:
Lembre-se que as pessoas entendem que podem ocorrer problemas, erros, atrasos. Saber antecipadamente facilita ao acionar um plano B. O que as pessoas não aceitam é a falta de comprometimento, o descaso. Portanto fica a pergunta: “O que aconteceria se você não estiver lá?”