Saber ler é uma coisa; compreender o texto é outra bem diferente. A dificuldade não é só relativa a textos escolares, matérias jornalísticas ou declarações de média complexidade sobre assuntos que o leitor/ouvinte desconhece. Em um post nas redes sociais é possível ler o texto de alguém que pergunta A e recebe respostas sobre B e até X, ou seja, o foco do texto, o tema da discussão foi totalmente desvalorizado para dar ênfase para outras questões que não estão no debate.
Num grupo que participo no Facebook, eu pedi uma informação e reforcei que era para orientar outra pessoa. Meu texto era assim:
Alguém já teve alguma experiência com o uso de transformadores para aparelhos eletro-eletrônicos? Preciso dar orientações para uma família que vai se mudar para Portugal e faz questão de levar toda a mudança. Será que gasta mais energia se ligar tv, geladeira e etc num transformador? Obrigada!
As respostas que recebi foram:
Uau, fiquei surpresa! Ninguém viu a parte do texto que está grifada em negrito acima e, por isso, o debate foi inútil, porque eu não cheguei ao meu objetivo. Como a preocupação de quem comunica deve ser facilitar o entendimento do interlocutor, fico me perguntando:
Analisando as questões, concluo que (e você, internauta, pode me dar seu feedback, tá?):
MAIS ABAIXO EU TE EXPLICO COMO ANALISAR UM TEXTO PARA ENTENDER A MENSAGEM.
A falta de compreensão não é ‘privilégio’ de quem não foi à escola. A dificuldade de entendimento é geral e afeta a maior parte da população brasileira. É o que mede o estudo denominado ‘Analfabetismo no Mundo do Trabalho’, idealizado pelo Instituto Paulo Montenegro e a ONG Ação Educativa. A última pesquisa, publicada em 2016, mostrou que:
só 8% dos brasileiros, entre 15 e 64 anos, são capazes de se expressar e de compreender plenamente.
Essa parcela da população que beira os 17 milhões de cidadãos é identificada, no estudo, como Proficiente, ou seja, capaz de entender e elaborar textos de diferentes tipos, como mensagens (um e-mail), descrições (um verbete da Wikipédia) ou argumentação (como os editoriais de jornal ou artigos de opinião), além de ser capaz de opinar sobre o posicionamento ou estilo do autor do texto. É também apto a interpretar tabelas e gráficos. Outros quatro grupos fazem parte da classificação: Analfabeto, Rudimentar, Elementar e Intermediário.
O maior grupo entre os brasileiros é o Elementar, bem no meio da escala, com 42%. Segundo a pesquisa, eles não são analfabetos funcionais, mas também não estão num nível capaz de se comunicar escrevendo. Os que dominam a língua no nível Intermediário são 23% e, destes, 55% finalizaram o Ensino Fundamental.
Os resultados entristecem e, ao mesmo tempo, reforçam o alerta de que:
é preciso ler, estudar, questionar e praticar a curiosidade para conseguir criticar, analisar e compreender para DECIDIR.
Já que a auto-reflexão ajuda no desenvolvimento, aproveite as 4 recomendações abaixo que podem ajudar a compreender o tema principal de um texto:
Com o cuidado de ler e entender, sua contribuição no debate será muito mais útil para o entendimento do outro e a interação será mais saudável e produtiva.