Cada startup tem sua própria história, mas, ao longo dos anos, empreendendo e acompanhando o ecossistema brasileiro de startups, o economista e investidor Richard Rytenband pôde perceber algumas características em comum entre as startups que fracassaram.
O mais surpreendente é que na grande maioria delas a ideia original é excelente e muito promissora. Não é atoa que são capazes de despertar o interesse de se investir tempo e recursos.
Porém, não são apenas ideias que constroem grandes negócios, algumas decisões e atitudes podem acabar inviabilizando a startup num espaço curto de tempo e o economista cita algumas questões essenciais a serem percebidas:
1. Custos fixos elevados
Escritórios decorados e bem localizados, muitos funcionários, “salário do empreendedor” e uma estrutura de fazer inveja a empresas grandes.
Parece o sonho de negócio perfeito. Mas não, pode ser um pesadelo. Não há investimento inicial que aguente uma empresa com custos fixos elevados e sem receitas.
2. Excesso de reuniões
As decisões são engessadas e a rotina de trabalho se resume a longas e tediosas reuniões. Muito “blá blá” e pouca ação não trazem resultados, é preciso colocar a mão na massa.
Conheci pequenas startups que tinham seu charmoso conselho de administração que se reunia em datas específicas e qualquer ideia ou decisão tinha que respeitar todos os tramites e formalidades e teve seu fim, antes mesmo da última reunião.
3. Muitos sócios
A ideia de compartilhar riscos entre muitos sócios pode se tornar em uma clássica situação de muitos caciques para uma tribo só.
No final, ninguém se entende e os conflitos internos se propagam, com a formação de animosidades e rivalidade dentro das próprias equipes.
4. Área comercial fraca
Boa parte das startups fica foca em outras rotinas e despreza justamente uma das mais essenciais, VENDER!
Não há como sobreviver e gerar receitas sem vender seus produtos e/ou serviços. Toda startup deve ter um plano comercial, e de preferência, pelo menos um dos sócios ser um vendedor nato.
5. Ausência de estratégia de marca
Há muitas vezes um plano de negócios, com projeções de fluxo de caixa, tabela e gráficos. No entanto, muitas vezes falta consciência sobre a missão do negócio como marca, sobre público alvo, mercado de atuação, estratégias de diferenciação, presença em mídias e relacionamento. É essencial definir uma estratégia de marca e ter consciência sobre o propósito do negócio.
6. "Pedeworking" no lugar do Networking efetivo
O networking efetivo ocorre numa situação de ganha-ganha, quando ambas as partes saem favorecidas daquela conexão.
Nas startups condenadas o mais comum é o “pedeworking”, quando os participantes se limitam a ter acesso a determinadas pessoas apenas para “pedir” algo, mesmo sendo o contato de outra pessoa. Isso pode, inclusive, queimar o filme. Aqui a ilusão é que ter acesso a determinado nomes é garantia de bons negócios e favores. Sendo que o principal é construir relações de negócios sólidas e profissionais e não uma troca de favores.